
Esta foto foi no inicio da tempestade de areia....estas marquinhas não são de agua e sim de areia!!!! A tentativa da foto custou a maquina de meu irmão (Radamés), pois depois dessa foto ela não mais funcionou!!!! Desmaiou antes da largada ( por isso não tenho quase fotos....), máquina mais frouxa né?!?!? O interessante é que depois que cheguei no Rio, a danada não é que voltou a funcionar?!?!? A gente "vê" cada uma.....
Pela madrugada, começamos a nós preparar para a bendita largada.
Todos os conferes dos ultimos momentos, decisões do que deixar para traz (escondido) e do que levar...COMO DESEJEI deixar mais da metade do que estava na muchila...O peso era quase que insuportavel depois que chegamos no deserto, pois o calor PESA!!!! Mais seria bem arriscado pois se precisasse mesmo não teria como conseguir. Melhor levar tudinho, mesmo que não fosse utilizar...Naquele deserto, qualquer coisa poderia ser a diferença entre o tudo ou nada.
Bom, nosso maior desafio antes da largada seria aprender a racionar a agua. Receberiamos dali em diante apenas 3 garrafas d'agua de 1 e 1/2 ( 4 litros por dia) que seria usadas apenas para consumo em alimentos e ingestão propria. Qualquer outra utilização poderia favorecer uma penalidade que variava de 50 minutos a horas!!! Por outra utilização entenda-se: banho, lavar roupas, lavar equipamento, etc etc...Imagina???? Pois é....
Dada a largada de sahararace edição 2010:
Da linha da largada, podiamos vislumbrar o que um dia foi um lago. Ali a regiaõ e conhecida como Lago Northen. Era a porta do deserto! As areias se perdiam em horizontes. Nessa primeira etapa teriamos pouca areia dura e imensidões de dunas...(para todos os gostos: pequenas, longas, altas, baixas, fofas....)era o que eu temia, pois com o peso de minha muchila melhor que as dunas ficassem para depois...agora dunas seria um desastre... (e foi)!!!
Com 40 km de deserto ja deu para perceber o que seria os 250! Meus pés estavam em carne viva! A ultima vez que haviam ficado ruins foram em 2006 quando fiz jungle marathon pela primeira vez. Mais agora não estavam ruins, estavam péssimos! Em carne viva! Bolhas e mais
bolhas de sangue.



O CALOR ESTAVA ABSURDO!!! Bem, mais como não fui ali para passar frio, acho que estava tudo normal né não?
O socorro vinha nos chekpoints! Ao passarmos nos postos de controle, era possivel reabestecer as aguas, porém, eu sempre me fazia de "desentendida" e DEPOIS de beber e encher garrafas, "assim meio sem querer" derramava agua na cabeça!!!!! Brasileira que sou não ia dar um geitinho????? risssossss
Pena que os postos de controles tinham em media 12 km de distancias ( sendo que não eram 12 km em estrada reta, no fresquinho...eram em dunas e mais dunas né? A distancia que fazemos normalmente em 1 hora poderá durar mais de 3!!!!!!Verdade....

Passamos por mares e mares de areia (alguns pareciam castelos), outras com incriveis formações rochosas,

planaltos e espaços abertos, pelo vale da baleias ( no passado ali era a maior concentração de baleias quando havia mar) viamos vários esqueletos deles...todos intocáveis e devidamente preservados...(de encher os olhos....)

Em cada etapa encontramos terrenos diferenciados, mais SEMPRE com mares e mares de areia. O sol escaldante nos empregnava a alma! Apesar de toneladas de protetor solar, nada acalmava a situação. A noite a lua sempre companheira das estrelas...A vegetação era coisa rara por ali. Vez ou outra avistavamos algum pe de não sei o quê! Muito ressequido (plenamente adaptado aquela quentura).
Não se via ninguem por aquelas bandas....muito raramente encontrei um ou outro nomade. Esquisitos......Não achei a carinha deles boa não...pelo sim pelo não melhor passar rápido né????
Sei lá....
Nos tres primeiros dias, meu estado era de chorar...


As costas estavam em petição de miséria...Minha lombar gritava por Luiz Lacerda (meu terapeuta). Ainda assim minha colocação estava entre as 15 primeiras....O que fazer? Resurgir das cinzas! Igual Fenix!!!!E buscar as 10 primeiras... Eu podia. E fui!!!!
Na etapa longa 92 km (penultimo dia antes do final), uma aventura inusitada (merece falar:)
Estava eu numa bonita disputa com a mexicana Nahila Hernandes por todo o dia longo ( uma passava, a outra passava... e o dia seguia. Uma era 6ª outra era a 7ª. Eu era a 7ª. Era somente adminstrar e chegar no final. Não havia mais como buscar nenhuma colocação ja em reta final. A diferença era poucas ou algumas horas ( todas devido aos 3 primeiros dias quando mal conseguia seguir com a muchila monstruosa)...Mais, naquelas alturas ja estavamos entre as 10 certas. E felizes!!!!!
Porém, atletas que somos não perdemos a oportunidade de uma boa disputa....e assim seguiamos hora apos hora... ate que la pelas tantas (bem tarde da noite), nessa empreitada de disputa ficamos desatentas com o caminho e fomos parar num mangue fofo que afundava vertiginosamente!!!!Era uma mistura de sal e areia que ficaram aparentemente dura, mais que ao serem pisotadas logo afundavam. Quem pisa ali e tenta sair cada vez afunda mais... Ao darmos conta da situação, a disputa acabou imediatamente: nos apoiamos e de mãos entrelaçadas, juntíssimas, conseguimos sair daquele vale de morte!!!!Graças a santa dela que não me lembro agora o nome e a minha Nossa Senhora Aparecida conseguimos (acho que ate as duas santas se deram as mãos para nos ajudar...) Foi horrivel a sensação de estar num deserto, sem ninguem nos vendo ou ouvindo, com a fervorosa possibilidade de morrer atolada!!! Mais quem ia imaginar que no meio do deserto do sahara havia mangue ( deve ter outro nome para aquilo, mais por hora fica mangue ok???)???? Descobri no outro dia que o "mangue" era o inicio de um antigo lago salgado que ainda se mantia "vivo" por ali, então era parecido com areia movediça. Pisou, Afundou!!!!Um horror!!!! A Nahila falava: um perigo isso não? poderiamos morrer!!!!!Ninguem avisou!!! Bem, avisar acho que avisou né? A gente que não prestou atenção ou não entendeu bem o ingles.... Achei graça...afinal ali tudo era perigoso e ninguem percebeu!risssosssss Para completar antes do final ainda ouvimos gritos granhentos de algum animal comendo outro, sera!... Naquele escuro funebre ninguem enxergava nada...so ouvia, e parece que tudo que se ouvia era terrivel...e tome braços dados entre Brasil e México!!!! Quando avistamos aquela luzinha la longe sinalizando que era a linha de chegada, no meio da noite, quase choramos de emoção, e de braços entrelaçados cruzamos a linha de chegada da etapa longa! Foi muito bacana!!!!!O abraço foi de: conseguirmos chegarmos vivas!!!! Viva Brasil e México!!!


Olha nós ai! Eu e a atleta Nahila, felizes depois da aventura inusitada!!!!!
Sete dias depois, no dia 9 de outubro cruzei a linha de chegada!