sexta-feira, 7 de maio de 2010

Badwater 2010



Ola pessoal...
Retorno a este blog para partilhar os ultimos acontecimentos de minha vida como ultramaratonista.
Com muita tristeza informo a todos que apesar de ter sido aceita para a Ultramaratona Badwater, eu não conseguirei estar na prova.
Esperei ate agora para informar oficialmente visto meu profundo pesar e muitissimas decepções frente ao fato. Na verdade, teimei em fazer minha aplicação acreditando que conseguiria patrocinio para tal visto meus ultimos resultados. Mais foi em vão...
Como todos sabem, em Janeiro fiz paccer do Americano Tom Sperduto na Ultra BR135 ( 217 km na Serra da Mantiqueira) e ao final, muito feliz por ter conseguido conclui-la (ler postagem de janeiro onde falei tudinho da prova) o Tom prometeu ajudar-me a fazer BadWater caso minha aplicação fosse aceita. Feliz com a possibilidade impar de ir correr a tão famosa ultra, fiz minha aplicação e fui aceita. E ai, o que era para ser pura felicidade transformou-se numa odisseia em busca de patrocinios!!!! O amigo Tom fez minha inscrição imediatamente quando soube que fui aceita. Muito feliz cumpriu o prometido em ajudar-me. De verdade ja para começar eu não teria disponivel o valor da inscrição: 960 dolares!!!
Mais, paga a inscrição, parti para as demais necessidades.
Para encurtar a história (porque foi longa e dolorosa em vários momentos), o resultado foi que não consegui patrocinio para chegar lá. Na verdade mesmo não conseguimos (eu e meu maior e leal companheiro de jornadas: o terapeuta Luiz Lacerda) pois nosso acordo é de estarmos juntos em qualquer situação: na hora do hotel 5 estrelas ou para dormir na praça (alias dormir na praça é bárbaro, pois o céu estrelado é uma visão dos céus, literalmente!!!). E como acordo é acordo, se não tem para um, para o outro somente não serve. Acreditamos na força da palavra empenhada e na lealdade de ação, e por isso estamos juntos ate hoje pelas ultras da vida...sempre ele me cuidando como terapeuta corporal excelente que é, e não me deixando desacreditar no ser humano (apesar de as vezes não ser tão fácil...) quase um personal ZEN!
Bom, eu não poderia arriscar sair daqui para aquele lugar de extremos (literalmente risssossss)sem reais condições para estar na prova com a dignidade que o brasileiro merece.
Particularmente não consigo fazer campanha para mim mesma. Tanto que fiquei ate agora sem postar nenhum comentário sobre a aceitação de minha participação na competição. Não sou a melhor, nem a primeira, nem a unica ultramaratonista com reais condições de representar o Brasil com brilhantismo (e mesmo que fosse), acho extremamente desagrádavel pedir para mim...ainda mais observando pela minha forma de viver: trabalho coordenando projetos para pessoas com deficiências numa comunidade de extrema pobreza (complexo da Mare), com pessoas em situações por vezes miseráveis, precisando muito de tudo, então como pedir dinheiro a pessoas fisicas para ir correr pelo mundo? O valor para se fazer uma BadWater pode chegar a 20 mil reais (além da inscrição, incluindo equipe, carro de apoio, alimentação, hospedagem, etc, etc...) Isso é valor para empresas!!!!! Para empresários que tenham e gostem do esporte. Acreditem na ultramaratona. Com esse valor eu faria maravilhas no meu projeto social!!!!
Bem, esperei ate o ultimo dia limite para confirmação de presença na prova, e como nada consegui, ja informei a organização minha não presença em 2010. Agora vou recolher meus sentimentos e renova-los para um próximo desafio. Vou refazer meus projetos e partir para uma nova empreitada. E vou continuar na busca de patrocino (EMPRESAS particulares, publicas e ou privadas)!!!! Não desisto não!!!!
Estou triste, muito triste, mais continuo no páreo!
E sempre buscando não perder minha essencia e meus conceitos, sobretudo o da lealdade aos amigos (principalmente aqueles que fizeram parte da trajetoria nos varios momentos de nossa caminhada), palavra empenhada e gratidão. Um bom carater também é sempre de bom tom né não?
Por hora agradeço aos parceiros que estão por perto e me apoiam com carinho e muito respeito.
No mais, o certo é que o Brasil é um celeiro de ultras excepcionais, falta mesmo é condições para suas participações nas ultras do mundo a fora. Não tem um nem dois: tem VÁRIOS super ultras!!!!
Eu, venho a muitos e muitos anos correndo...em vésperas de completar 43 de idade, ja tenho pelo menos 30 anos como atleta (comecei com 12 anos), e sempre fiz corridas de longas distâncias...Como Educadora Fisica e Psicóloga esportiva com Mestrado em Psicologia Social vou de encontro a tudo que acredito: galgar passo a passo cada nova distancia...devagar e sempre...porém com firmeza e determinação e assim vou continuando, sempre atenta aos exemplos dos meus alunos com deficiências da Vila Olimpica da Maré que me motivam com seus exemplos de superação. E um dia, quem sabe? A BadWater volta para os meus projetos!
E aos que vão a BADWATER, os meus mais sinceros votos de boa prova e sucesso.
Saude sobretudo, e, força total!
Ultra abraços,
Jacqueline Terto.

4 comentários:

  1. Namaste.
    Ultra abraços rainha das selva.
    Os planos adiados não são esquecidos apenas serão realizados em outras datas.
    Precisa muita coragem para se tomar tais decisões porem, carater e juizo andam juntos.
    Bjos.
    Conte conosco `Sempre alertas, sempre prontos, avante`.
    Luiz

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  2. FÉ NA VIDA MULÉ.
    BATALHA PERDIDA NAUM É GUERRA
    VAMO Q VAMO
    BJO GD

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  3. Namaste.
    Ultra abraços rainha das selva.
    Os planos adiados não são esquecidos apenas serão realizados em outras datas.
    Precisa muita coragem para se tomar tais decisões porem, carater e juizo andam juntos.
    Bjos.
    Conte conosco `Sempre alertas, sempre prontos, avante`.
    Luiz

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  4. Jacqueline, entendo a sua situação. Também passo problemas quando o assunto é pedir ajuda enquanto que outros precisam muito mais dela do que eu. Afinal, eu só quero correr, desfrutar das minhas aptidões. Enquanto que essas outras pessoas, no seu caso, quem você tenta incluir na sociedade, precisam muito mais dos valores para sair de uma situação desconfortável socialmente.

    Cheguei aqui no seu blog procurando informações sobre a Badwater apenas por curiosidade, por que pretendo fazer um desafio parecido com ela, que envolve adversidades climáticas e ultradistâncias. Porém pensando em uma causa maior, pela qual já fui beneficiado. Durante 20 anos fui epiléptico e hoje, nove anos após a minha cura, sou ultramaratonista e quero retribuir a ajuda que recebi da família, dos médicos e dos hospitais. Para quem é epiléptico, as chances de cura dependem muito de cada caso e, sendo assim, para muitas dessas pessoas os médicos procuram dar uma qualidade de vida melhor para seus pacientes. Igual ao que você busca através do seu trabalho.

    Agora, quanto a sua ultramaratona, saiba que os valores que você pede não são "injustos". Você leva junto nas suas competições o seu engajamento com a causa. O seu blog é sobre ultramaratona, mas você o utiliza para dar visibilidade a sua causa. Isso é o mais importante. Quem sabe os seus patrocinadores não sejam empresas/pessoas capazes de ajudar você com as despesas mas colaborem para que você apresente seus projetos para os funcionários dessas empresas e eles possam ajudá-la como voluntários ou pequenas doações. Talvez a mudança na abordagem ajude a diminuir esse medo da insjutiça.

    Pense nisso e siga em frente. Tomara que em 2011 você esteja na Badwater. Eu lhe apoio e digo: não tenha medo nem vergonha de pedir essa ajuda, por que isso não diminui nenhum pouco o seu trabalho e a sua intenção de incluir o deficiente. Saiba que no meu desafio também trabalharei pela inclusão e qualidade de vida, mas dos epilépticos. Se quiser, vamos trocando experiências para aprender juntos sobre como chegar a denominador entre patrocínio e filantropia.

    Abraços, bons treinos e boa sorte!

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